
A taxa básica caiu para 5% ao ano – como fica minha previdência?
Por Edson Cardozo, Diretor-Presidente da BB Previdência
As condições da economia brasileira e os baixos índices de inflação tem contribuído para os frequentes ajustes na taxa Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu a terceira redução consecutiva na taxa básica da economia, que saiu de 5,5% para 5% ao ano, menor nível histórico desde junho de 1996. Analistas de mercado entendem que a taxa chegará a 4,5% ao ano, na reunião de dezembro.
A notícia é sensacional, porque as taxas nos níveis atuais facilitam investimentos na atividade produtiva e em projetos de infraestrutura, gerando melhores perspectivas de crescimento econômico. O crédito fica mais barato e ajuda a aquecer a demanda por produtos e serviços, contribuindo para elevação do nível de emprego.
Mas, e sob o ponto de vista do poupador? Aí as coisas ficam mais desafiadoras! Uma operação de renda fixa com benchmark em CDI poderá, no longo prazo, representar perda do poder de compra para o capital investido. Dependendo do percentual do CDI ofertado pelo mercado – é comum fundos com 85% do CDI, o rendimento líquido poderá ficar abaixo da inflação acumulada no período.
Assim, mesmo para investidores com perfil conservador, a recomendação é buscar orientação de profissionais de investimento e ajustar a composição da carteira, entender a necessidade de assumir riscos e promover a diversificação.
Apesar de desafiador, cenário continua positivo para participantes e futuros participantes de planos de previdência complementar patrocinados, pois, esses planos possuem condições diferenciadas que amenizam a rentabilidade menor dos investimentos.
Funcionários de empresas públicas ou privadas, inclusive servidores públicos que já participam ou que irão participar de planos patrocinados de previdência complementar possuem vantagem comparativa excepcional, que consiste na paridade da contribuição do seu empregador – para cada real que o empregado poupa, o empregador aporta a mesma quantia. Isso significa que sua reserva previdenciária já começa rendendo 100%, independente de quanto será a remuneração dos ativos.
Traduzindo em números: se você faz uma aplicação de R$ 1.000,00 no sistema financeiro, remunerada a 100% do CDI, ao final do primeiro ano terá acumulado em torno de R$ 1.046,00 sem considerar o imposto de renda. Caso você tenha um plano de previdência complementar patrocinado, seu depósito de mil reais será acrescido de outros mil reais depositados pelo seu empregador, resultando em R$ 2.092,00 ao final do primeiro ano. Este diferencial sempre existiu, porém ele ganha maior relevância perante investimentos financeiros tradicionais neste novo cenário de taxa de juros. Imagine o efeito desse fluxo sendo repetido por 10, 20 anos nas suas reservas…
Ocorre que, em muitos casos, esse importante papel social exercido por empresas e entes públicos que patrocinam planos de previdência não é totalmente percebido ou aproveitado por seus funcionários. Em muitos casos, o percentual de adesão é baixo e, dentre os funcionários que já aderiram, o fazem pelo valor mínimo de contribuição, deixando de aproveitar as oportunidades de otimizar as reservas. Vale ainda a lembrança de que os valores depositados em planos fechados de previdência complementar podem gerar benefício fiscal de imposto de renda, com redução da renda bruta em até 12%.
A reforma da previdência que será promulgada nos próximos dias trará alterações importantes, que certamente afetam a programação de aposentadoria de muitos brasileiros. Uma das consequências será o aumento do tempo e do valor de contribuição para poupança previdenciária ao longo da vida laborativa, o que exige elevação da própria cultura de poupança previdenciária. A Nova Previdência também estabelece para entes federativos que possuem Regime Próprio de Previdência Social, a obrigação de instituir regime de Previdência Complementar para os servidores públicos que forem contratados com salários acima do teto do INSS. Essa mudança permitirá o acesso de milhares de servidores estaduais e municipais ao mercado de previdência complementar, os quais também deverão estar atentos às regras do seu plano para aproveitar todas as oportunidades.
Então, se você é ou pode ser participante de planos patrocinados de previdência complementar, fale com o RH da sua empresa ou ente público. O momento para cuidar da sua previdência privada é muito oportuno. Aqui na BB Previdência estamos à disposição para assessorar suas decisões.